Combustíveis, mercado voluntário e neutralidade de carbono

Royal FIC apresentou sua estratégia para neutralizar suas emissões próprias de gases de efeito estufa pela aposentadoria de créditos de carbono

Durante a COP30, realizada em Belém, a Royal FIC apresentou sua estratégia para neutralizar suas emissões próprias de gases de efeito estufa pela aposentadoria de créditos de carbono certificados pela Convenção-Quadro das Nações Unidas Sobre a Mudança do Clima (UNFCC em inglês), emitidos por dois projetos de produção de energia renovável de alta integridade.

A iniciativa pioneira no setor de combustíveis líquidos foi possível graças à parceria com a ACX Brasil (AirCarbon Exchange), única plataforma integrada com o ambiente de registro da B3, a bolsa de valores do Brasil, como também com a plataforma BlockC, responsável pelo inventário do total das emissões geradas pela empresa a cada ano.

A Royal FIC mostra com convicção que o mercado voluntário de carbono é uma alternativa confiável e efetiva para outras congêneres, incluindo as distribuidoras regionais. Um movimento que fortalece o compromisso do setor de distribuição com as metas de descarbonização e sua cota de colaboração com a mitigação das emissões dos gases de efeito estufa, dentro de um modelo estratégico que busca promover uma transição energética economicamente racional, equilibrada e sustentável.

A BlockC apresentou a jornada de descarbonização da RoyalFIC em um painel da IETA (International Emission Trading Association), organização dedicada à integridade e transparência no mercado de carbono. O anúncio, parte da programação “Carbono e Capital: Estruturando a Arquitetura Financeira dos Mercados de Carbono”, demonstrou o alinhamento das empresas aos padrões globais rigorosos (Normas ISO, GHG Protocol, critérios SBTi e Acordo de Paris).

A neutralidade anunciada agora pela Royal FIC compensou 100% das emissões próprias das atividades-fim operacionais da empresa, correspondendo ao volume de 77 mil tCO₂e no período de 2023 e 2024. Este resultado é derivado do inventário e da curadoria da Carteira de Neutralização Digital (CND), preparados pela plataforma BlockC.

Os créditos foram originados na produção de energia renovável e são certificados pelas Nações Unidas. Um dos projetos é um complexo de geração de energia eólica instalado no Delta do Parnaíba, no Piauí, redução estimada de 140 mil toneladas de CO2 equivalente por ano. O outro está capacitado para reduzir cerca de 100 mil tCO2e por ano, por meio de uma usina hidrelétrica instalada no Rio das Antas, no Rio Grande do Sul. O encontro contou com a presença de autoridades e profissionais dos setores energético, ambiental e financeiro.

O mercado voluntário de carbono já movimenta milhões de reais no Brasil em operações de compra e venda de créditos. A infraestrutura desenvolvida pela B3 e ACX Brasil coloca à disposição de qualquer empresa comprometida com a descarbonização um ambiente seguro, transparente e custo-eficiente para compensação através dos créditos de carbono. Tais créditos adquiridos são atrelados a projetos de rigor, chancelados no arcabouço global de renome da UNFCC.

Os projetos sustentáveis precisam comprovar durabilidade de longo prazo, capacidade de mensuração dos resultados, controle de emissões indiretas e, sobretudo, obedecer ao critério de adicionalidade, ou seja, para acontecer de fato, o ganho ambiental depende do investimento financiado pela venda deste título de descarbonização.

Especialistas e executivos do setor de energia apontam que o vento soprou a favor nesta direção a partir da segurança jurídica trazida por regulações como a Lei 15.042 que instituiu em 2024 o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases do Efeito Estufa (SBCE), incentivando a participação das empresas nacionais neste mercado livre global de carbono.

Alinhado com os objetivos do Acordo de Paris (2015) e as metas de descarbonização assumidas pelo Brasil e uma lógica econômica, o SBCE estabelece todas as diretrizes para o desenvolvimento firme do mercado voluntário com transparência e viabilidade econômica.

Publicado originalmente no Globo Rural

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